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Dia histórico: vacinação em cinco representantes de grupos prioritários marca o início da imunização contra covid-19 no RS

Foi quase na virada de segunda (18) para terça-feira (19) que foi dada a largada para a vacinação contra a covid-19 no Rio Grande do Sul, com a aplicação da primeira dose em cinco pessoas ao mesmo tempo, cada uma representando um grupo prioritário. 

Às 23h45min, receberam o imunizante Eloina Gonçalves Born, 99 anos, moradora do Residencial Geriátrico Donna Care; Jorge Amilton Hoher, médico-chefe do serviço de medicina intensiva da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; Carla Ribeiro, 32, da etnia caingangue e residente da Aldeia Fag Nhin, na Lomba do Pinheiro; Joelma Kazimirski, 48, auxiliar de higienização do Grupo Hospitalar Conceição; e Aline Marques da Silva, 40, técnica de Enfermagem CTI Covid do Hospital de Clínicas da Capital.

O primeiro lote de 170,8 mil doses da vacina produzida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan havia chegado ao Estado por volta das 22h15min, a bordo de um avião fretado da companhia Azul proveniente da capital paulista. O voo tinha partido após as 20h, depois de uma série de atrasos, com metade da carga. A outra aeronave deixou São Paulo por volta das 21h30min, chegando à capital gaúcha às 22h55min.

Na pista de pouso, o governador Eduardo Leite deu início a uma transmissão pelo seu Instagram, mostrando o desembarque do material. Repetindo que era uma momento emocionante, ele celebrou a chegada da vacina:

— Encaminhando o fechamento deste dia histórico aqui para o nosso Estado. Estão chegando neste momento as doses da vacina. Às 23h, lá no Hospital de Clínicas, faremos a vacinação das cinco primeiras pessoas no Estado.

Depois do desembarque, a carga de imunizantes começou a ser encaminhada para o centro de distribuição do Estado para depois ser enviada a todas as 18 coordenadorias regionais de saúde. As vacinas irão para o interior do RS de duas formas: por meio da frota de veículos própria da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e de aviões da Secretaria da Segurança Pública, que partem nesta terça-feira (19).

Porto Alegre receberá 30,2% do total das doses distribuídas nesta primeira leva da vacina, tendo a garantia de aplicação de duas doses em 51,6 mil pessoas. Uma parte muito menor, mas simbólica, foi encaminhada na noite desta segunda para o Hospital de Clínicas, onde foi realizado o ato do início da vacinação no RS, com a presença do governador Eduardo Leite.

— Em nome dos 11 milhões de gaúchos, os nosso agradecimentos aos profissionais de saúde. Peço ao povo gaúcho que ajude esses profissionais mais que com aplausos, usando a máscara, cumprindo com os protocolos, não aglomerando, higienizando as mãos, essa é a verdadeira homenagem a quem está na linha de frente. Temos profissionais que estão cansados, não se rendem, mas precisam ver nas ruas uma população que os apoie — afirmou o governador. — Nunca uma noite foi tão clara, iluminada pela ciência — completou.

O prefeito Sebastião Melo garantiu que a rede da Capital está preparada e dará início à vacinação na manhã desta terça-feira. 

— A vacina foi produzida por muitas mãos. É uma vitória da ciência e uma esperança de dias melhores — celebrou.

 tarde, o governo gaúcho já havia divulgado a quantidade de doses da vacina contra a covid-19 que será enviada para cada coordenadoria regional. Além da primeira remessa de 170,8 mil doses, mais 171 mil estão reservadas para a segunda aplicação da CoronaVac. O Estado dispõe, ao todo, 341,8 mil doses da vacina, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac. 

O número de vacinas que cada cidade gaúcha receberá ainda não havia sido informado. O único município que já sabia, até a tarde desta segunda, quantas pessoas poderá imunizar era Porto Alegre: serão 51,6 mil doses para a primeira aplicação.

O governo explicou que a quantidade de imunizantes para cada cidade vai ser definido de acordo com o tamanho do grupo prioritário existente em cada município. 

Todos os 497 municípios gaúchos serão contemplados já na largada do programa de imunização contra o coronavírus no Estado. Mesmo as menores cidades terão direito a uma quantidade mínima de imunizantes para atender profissionais de saúde que trabalham em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de referência para casos suspeitos ou confirmados de covid-19.

Grupos que serão imunizados

Conforme o plano da SES, nesta etapa inicial da campanha de imunização, que conta com 6 milhões de doses da CoronaVac para todo o país, não será aberta vacinação em postos de saúde para a população em geral. Serão contemplados profissionais de saúde na linha de frente do combate à pandemia, idosos e pessoas com deficiência internados em instituições e indígenas em aldeias.

Os números mais recentes estimados pelo governo estadual divergem um pouco daqueles previstos anteriormente em planilha pelo Ministério da Saúde. Segundo as contas do Piratini, serão imunizados neste primeiro momento 122.914 profissionais de saúde (o governo federal apontava pouco mais de 138 mil), 30.111 idosos com mais de 60 anos ou pessoas com deficiência em lares de longa permanência e 15.055 indígenas, totalizando 168.080 beneficiados (a União estimava um público-alvo total de 162,7 mil). Os números ainda podem ser calibrados ao longo dos próximos dias.

— Estamos detalhando as regras para que cada central regional avalie, pelos critérios que serão gerais para todos, quanto terá de dispor para cada um dos municípios da sua área. Esperamos que a entrega esteja concluída até quarta-feira (20) — afirma a chefe da Vigilância Epidemiológica do Centro de Vigilância em Saúde (CEVS), Tani Ranieri.

Tani explica que essa fase da vacinação no RS prevê a aplicação da segunda dose entre duas e quatro semanas depois da primeira — ou seja, seriam suficientes para 170,9 mil gaúchos. O volume dará conta dos 168 mil beneficiados previstos e deixarão uma pequena margem de segurança de 2,8 mil doses.

Os grupos prioritários foram definidos com base em dois critérios principais: risco de exposição ou de agravamento da doença em caso de contaminação. Conforme o plano estadual, os imunizantes serão encaminhados aos locais de trabalho dos profissionais de saúde, às aldeias indígenas e às instituições de longa permanência.

— Os aplicadores que forem até esses locais e quem cuida das pessoas internadas também serão atendidos neste primeiro momento. Lembro que é apenas a fase inicial, e tivemos de priorizar conforme a disponibilidade — acrescenta Tani.

O governo do Estado ainda não sabe quando chegarão novas remessas de vacinas para dar continuidade ao programa no RS e abrir a campanha para a população em geral, com oferta das doses em postos de saúde e por critérios como as faixas etárias mais elevadas.

“Momento de esperança”

O ato simbólico para dar a largada na vacinação do Estado começou por volta das 23h20min, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, com transmissão ao vivo pelas redes sociais do governo do Estado. A diretora-presidente do hospital, Nadine Clausell, abriu a cerimônia.

—É um momento de esperança depois de nove meses dessa batalha — declarou. 

A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, se pronunciou logo depois:

— Nossas palavras são de profundo agradecimento a todos os profissionais de saúde, e dizer que acima de tudo nós acreditamos que, junto com a vacina, os cuidados básicos, o uso da máscara e evitando aglomerações, nós vamos vencer.

A técnica de enfermagem Aline Marques da Silva falou pelos cinco que receberam a inoculação da CoronaVac. Com 11 anos de atuação no Clínicas, ela comemorou a data, mas pediu que a população continue alerta em relação à doença.

— Me sinto honrada por estar aqui, representando o Hospital de Clínicas e meus mais de 6 mil colegas. Esse dia eu sinto que trago a esperança à população gaúcha para que todos se vacinem e possam voltar ao convívio com suas famílias. Desde março estou na UTI covid do Clínicas, direto, trabalhando à noite — relatou.

Aline lembrou que não há só pacientes idosos doentes, chamou atenção para a gravidade da covid-19 e comemorou mais uma vez a esperança:

— Tem de todas as idades. É mais grave do que as pessoas possam imaginar. Perdemos muitas vidas, lutamos diariamente para salvar essas vidas, e nem sempre conseguimos, mas muitos conseguimos devolver a suas famílias. Peço que acreditem, porque não é fácil. Pensamos até que ia diminuir, mas não, as UTIs continuam lotadas, internando pacientes todos os dias. Então ainda não acabou, mas hoje a população gaúcha tem muita esperança. Espero que a vacina chegue a todos e que todos possam voltara a abraçar, fazer festas e conviver com as pessoas.

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