Bolsonaro diz que pode já ter sido infectado pelo coronavírus – Justiça obriga hospital a fornecer lista de infectados
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (20) que pode fazer um terceiro exame para saber se está com o novo coronavírus e mencionou a possibilidade de já ter sido infectado. Até agora, 23 pessoas que participaram da viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, no início do mês, testaram positivo para o vírus.
— Eu estou bem. Fiz dois testes. Talvez faça mais um até. Recebo orientação médica — disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.
Bolsonaro ainda levantou a hipótese de ter sido contaminado pelo vírus e não ter descoberto:
— Aqui em casa, toda a família deu negativo. Talvez, eu tenha sido infectado lá atrás e nem fiquei sabendo. Talvez. E estou com anticorpo.
Bolsonaro fez o primeiro teste no dia 12, após o secretário de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, ter sido diagnosticado com o vírus. O segundo exame foi feito na última terça-feira. Depois de fazer o teste, contudo, o presidente teve contato com ao menos uma pessoa que foi diagnosticada com o vírus: o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.
Na quarta-feira, após a divulgação do resultado de Heleno, Bolsonaro já havia dito que não via problemas em fazer um novo exame:
— Não tem problema nenhum. Não sei o prazo mínimo, (o ministro da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta pode me dizer quando é que eu posso me submeter a um novo exame. Sem problema nenhum, posso me submeter a um novo exame.
Nesta sexta-feira (20), foi divulgado que mais quatro membros da comitiva que foi aos EUA estão com o vírus.
Justiça obriga hospital onde comitiva de Bolsonaro fez testes de coronavírus a fornecer lista de infectados
A Justiça Federal no Distrito Federal determinou ao Hospital das Forças Armadas (HFA) que forneça à Secretaria de Saúde do DF os nomes de todas as pessoas que foram diagnosticadas com o novo coronavírus pelos funcionários do local.
A unidade de saúde foi onde o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e parte de sua comitiva fizeram testes após viagem aos Estados Unidos. Pelo menos 22 pessoas que tiveram contato com o grupo nos EUA estão com o vírus. Bolsonaro afirma que dois exames já deram negativo.
A decisão desta sexta-feira (20) é resultado de uma ação movida pelo governo do Distrito Federal. No pedido, o Executivo local alega que o HFA se negou a fornecer a lista de pessoas diagnosticadas na unidade.
Acionado pelo G1, o Ministério da Defesa, que é responsável pela gestão do hospital, não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
Decisão
Na determinação, a juíza Raquel Soares Chiarelli, da 4ª Vara Federal Cível do DF, fixou multa de R$ 50 mil “por paciente cuja a informação for sonegada”. O valor deve ser cobrado pessoalmente do diretor do HFA que, segundo a juíza, também pode responder nas esferas administrativa e penal.
De acordo com a juíza, “já é notório que a devida identificação dos casos com sorologia positiva para o COVID-19 é fundamental para a definição de políticas públicas para o enfrentamento urgente e inadiável da pandemia, a fim de garantir a preservação do sistema de saúde e o atendimento da população”.
“[…] De modo que não se justifica, sob nenhuma perspectiva, a negativa da União em fornecer essas informações ao Distrito Federal, que tem competência constitucional para coordenar e executar as ações e serviços de vigilância epidemiológica em seu território.”
Pessoas que estiveram em contato com o presidente durante a viagem começaram a fazer exames para a Covid-19 depois que o secretário de Comunicação Social do governo, Fábio Wajngarten, foi diagnosticado com o novo coronavírus.
Entre as pessoas que tiveram material recolhido para teste por equipes do HFA estão o presidente Jair Bolsonaro; o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, entre outros.
As 22 pessoas que estiveram com o grupo na viagem e estão com o novo coronavírus são:
- Major Mauro César Barbosa Cid, ajudante de ordens do presidente
- Coronel Gustavo Suarez da Silva, diretor adjunto do Departamento de Segurança do GSI
- Filipe Martins, assessor especial da Presidência
- Embaixador Carlos França, chefe do cerimonial da Presidência
- Sergio Segovia, presidente da Apex
- Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia
- Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional
- Daniel Freitas, deputado federal
- Flavio Roscoe, presidente da Federação das Indústria do Estado de Minas Gerais (Fiemg)
- Marcos Troyjo, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia
- Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
- Fabio Wajngarten, secretário de Comunicação da Presidência da República
- Nelsinho Trad (PSD-MS), senador
- Nestor Forster, encarregado de negócios do Brasil nos Estados Unidos
- Samy Liberman, secretário Especial Adjunto de Comunicação Social da Presidência
- Francis Suarez, prefeito de Miami
- Sérgio Lima, publicitário que trabalha com a família Bolsonaro na criação do partido Aliança pelo Brasil
- Karina Kufa, advogada de Jair Bolsonaro
- quatro integrantes da equipe de apoio da comitiva
A maior parte do grupo, no entanto, teve resultado negativo. Estão nesta lista o presidente Jair Bolsonaro, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e os ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Ernesto Araújo (Relações Internacionais).
*Fonte: GaúchaZH e G1